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Dos Campos Elíseos a Saint-Germain-Des-Prés: Um dia entre livros e piqueniques em Paris

1 ano de casados! No dia em que celebrámos o nosso primeiro aniversário de casamento fomos brindados com um lindo dia de sol. Saímos do hotel em direção ao Arco do Triunfo, ainda indecisos sobre se valeria a pena subir ao topo para apreciar uma vista diferente de Paris. Acabámos por decidir não o fazer – tinhamos guardado na memória a vista da cidade a partir do Sacre Couer que elegemos como a que marcaria esta viagem. Com mais tempo (e tostões!) no bolso, procurámos um lugar especial para o pequeno-almoço. A famosa Ladurée, nos Champs-Élysées foi a nossa primeira opção – o seu adorável espaço exterior parecia perfeito para um dia especial como o nosso, mas a longa fila de espera desencorajou-nos. Optámos pelo Café Joyeux, uma iniciativa notável que apoia a integração de pessoas com deficiência. O menu de pequeno-almoço era acessível (11 euros com café, sumo, croissant ou pain au chocolat) e o serviço atencioso. Foi um dos nossos lugares favoritos da viagem e ficámos muito satisfeitos por saber que em Lisboa já existem vários Café Joyeaux.

Continuando o nosso passeio pelos Champs-Élysées, admirámos sem pressa as montras das grandes marcas da moda, muitas vezes verdadeiras obras-primas. Na Lacoste, a agitação em torno do Roland Garros (que tinha acabado de começar) sentia-se no ambiente e na afluência. Sem planos definidos, acabámos por chegar ao Petit Palais, uma joia inesperada mesmo em frente ao Grand Palais. Construído para a Exposição Universal de 1900, tornou-se um museu em 1902, albergando uma valiosa coleção de murais decorativos e esculturas criadas entre 1903 e 1925. O acesso à coleção permanente e aos jardins é gratuito. Foi uma agradável surpresa, menos concorrido em comparação com outras atrações, com jardins encantadores, uma cafetaria e cadeiras convidativas no meio de uma vegetação exuberante. Passámos aqui algum tempo, agradavelmente espreguiçados ao sol.

Fazer um piquenique sob a Torre Eiffel? Boa ideia só para marcar de forma kitch um dia como o do nosso primeiro aniversário de casados 😅. Em busca de um supermercado (Franprix novamente!) passámos pelo intrigante Musée du quai Branly – Jacques Chirac antes de chegar à Rue de l’Universite, uma instagramável rua estreita, à esqueda da Torre Eiffel, onde várias pessoas faziam fila para tirar a fotografia perfeita.

Mais dificil do que tirar a fotografia perfeita foi montar o piquenique perfeito. Os relvados do Champ de Mars estão bastante estragados, e a área imediatamente abaixo da torre está permanentemente fechada por razões de segurança. Não foi um piquenique agradável na natureza como tinhamos imaginado mas foi divertido tirar uma fotografia para assinalar o dia.

Era altura de uma experiência menos turística, por isso decidimos explorar a Rue Cler, um pitoresco bairro com lojas e mercados gourmet. Deliciámo-nos com gelados da Martine Lambert Glaces et Sorbets, seguidos de café especial no Noir – Coffee Shop & Torréfacteur, um espaço futurista, original e algo frugal onde o café era o produto central. A atmosfera tranquila, a ausência de filas e a oportunidade de relaxar tornaram-no uma paragem maravilhosa.

Com vontade de explorar St-Germain-des-Prés mais a fundo do que no dia anterior, alugámos duas bicicletas Lime, elétricas. Pedalámos em direção ao Jardin du Luxembourg passando pelo Café de Flore, Les Deux Magots e pela Eglise de Saint-Germain-des-Prés, numa das aventuras mais engraçadas da viagem. O trânsito é intenso mesmo ao domingo, por isso todo o cuidado é pouco!

Ao chegar ao Jardin du Luxembourg, sentámo-nos junto ao lago, onde havia filas de cadeiras e barcos telecomandados a flutuar, sob o olhar atento de famílias inteiras a participar em corridas animadas. Grupos de amigos almoçavam estendidos na relva, cestas de piquenique de onde espreitavam copos de vinho e champanhe abertas em cima de toalhas e mantas coloridas.

Dada a proximidade ao Panteão, decidimos passar pela entrada. Originalmente uma igreja dedicada por Luís XV a Santa Genoveva (padroeira de Paris), a Revolução de 1789 transformou o monumento num templo e desde 1885 serve como o local de descanso final de escritores ilustres, cientistas, generais, clérigos e políticos que desempenharam papéis significativos na história de França. A entrada é paga.

Não muito longe do Panteão, na Place de l’Estrapade, os fãs da série “Emily em Paris” da Netflix reconhecerão os cenários do apartamento de Emily e do restaurante de Gabriel (chamado Terra Nera na vida real). Em tempos terá sido uma praça anónima e tranquila em Paris, mas hoje em dia os fãs da série fazem fila para registar o momento.

Depois de uma sessão de fotografia de fazer inveja à própria Emily, fizemos uma pausa perto da Sorbonne antes de nos dirigirmos, pela terceira vez nesta viagem, à Shakespeare & Company. O João é um leitor ávido e um grande amante de livrarias, por isso todas as nossas viagens incluem uma visita a livrarias icónicas. A Shakespeare & Company é uma das suas favoritas de sempre, mas, como é muito popular entre turistas, é aconselhável visitá-la em dias de semana ou de manhã cedo para evitar as multidões. Tínhamos tentado entrar duas vezes antes, mas acabámos por desistir ou por ter de sair pouco depois. Desta vez, esperávamos ter tempo (e espaço) suficiente para explorar as salas. Especializada em língua inglesa, a Shakespeare & Company está localizada no coração de Paris, nas margens do Sena, em frente a Notre-Dame, desde 1951. De acordo com o site da livraria, a Shakespeare & Company original, situada na Rue de l’Odéon, nº 12, foi um ponto de encontro para escritores expatriados como Joyce, Hemingway, Stein, Fitzgerald, Eliot, Pound e escritores franceses proeminentes. Apesar de modernizada nos últimos anos, a livraria tem um estilo muito próprio que ainda se respira em cada canto. Não deixe de subir ao segundo andar e sentar-se num dos grandes sofás a observar os outros visitantes. Se tiver sorte, pode apanhar um cliente talentoso que se sente ao piano e anime a sua pausa com música ao vivo.

Depois da visita à Shakespeare and Company, dirigimo-nos à San Francisco Book Company, a apenas 10 minutos a pé. Fundada em 1997, esta livraria também de língua inglesa situa-se perto da estação de metro Odeon e especializa-se principalmente em livros usados, oferecendo uma grande variedade de géneros e estilos a preços acessíveis. Embora seja mais pequena e menos movimentada do que a Shakespeare and Company, deambular pelos corredores estreitos pode conduzir a boas descobertas.

Para fechar o nosso dia especial com chave de ouro, optámos por um jantar romântico na elegante Brasserie Vagenende. Fundada em 1904, originalmente uma pastelaria, a Vagenende sofreu um período conturbado quando, em 1966, quase se transformou num supermercado. Em 1983 tornou-se um edifício classificado. A reserva é aconselhável, por ser um local bastante concorrido, apesar de caro. O serviço é atencioso e o espaço muito agradável – a área de refeições está decorada com espelhos elegantes e intrincados trabalhos em madeira, num claro vislumbre de como terá sido a Belle Époque em Paris. Começámos com uma reconfortante sopa de cebola, seguida por foie de veau français au beurre persillé, purée maison e suprême de volaille jaune rôti au beurre d’estragon, purée maison. Ambos excelentes finais para um dia cheio de emoções.

NAVEGUE PELA CIDADE DAS LUZES COM O NOSSO MAPA

O João tem uma mente curiosa e um dom especial para interpretar as pessoas e as situações à sua volta. Com a sua presença silenciosa e discreta, pode às vezes ser interpretado como distraído ou tímido, mas geralmente está a obserar detalhes que escapam aos outros. Ele é a alma do Unselfish Travel Blog, o fotógrafo incansável e o sonhador eterno. Quando não está a viajar, pode ser encontrado numa livraria ou a escrever para um de seus muitos blogs sobre tecnologias Microsoft. Tem o entusiasmo de uma criança e a eficiência de um adulto, o que o torna minha pessoa favorita para viajar – tanto pelo mundo como pela vida.