Portugal
Pedras Salgadas – Um refúgio
A necessidade de parar uns dias para descansar, ido que ia o Verão, fez-nos marcar uma semana de férias no final de Novembro. Estranho diriam alguns, dada a proximidade da antecipada paragem do Natal, o vírus que faz com que os planos sejam mais difíceis, o frio e a chuva que se faziam anunciar.
Tirar férias nesta altura permite-me preparar o Natal – ganhar espaço para uma renovada tranquilidade, que me permite viver esta época agradecida.
Para estarmos fora do Porto por apenas 3 dias, optámos pelo Pedras Salgadas Spa & Nature Park – tínhamos boas referências de amigos, fica a apenas uma hora e meia de carro de Porto e está situado dentro de um amplo parque que convida a passeios ao ar livre. As casas individuais, com cozinha equipada, permitem respirar novos ares, no conforto de uma casa quente, sem riscos desnecessários nestes tempos conturbados.
Na Minha Mala Levo
O tempo estava chuvoso e por isso levámos um bom impermeável, apto para caminhadas, e botas quentes e confortáveis. O parque fica com bastante lama quando chove, apesar de ter excelentes acessos às casas ~o ideal é levar roupa descontraída e confortável. Cachecol, luvas e gorro podem ser úteis (cada casa disponibiliza um ou dois guarda-chuvas).
Para facilitar almoços e jantares, preparámo-nos antecipadamente e contactámos a Cozinha da D. Alzira de Cristo Rei (Porto) de onde encomendámos Arroz de Pato e Bacalhau com Natas. À saída do Porto ainda parámos na Padaria Ribeiro (Pinhais da Foz) para trazer uns salgadinhos variados, ótimos para improvisar almoços tardios com uma salada fresca.
O alojamento inclui pequeno-almoço, mas em antecipação de tardes chuvosas de sofá, precavemo-nos com queijos, iogurtes, fruta etc. Em Pedras Salgadas, a 10 minutos a pé do Aldeamento, há um supermercado pequeno, mas muito organizado, com variedade de produtos e mercearia. Fomos clientes de castanhas para assar!
Sonhos cor-de-rosa
Ficámos hospedados na Casa do Castanheiro, um Bungalow Superior, que incluía:
Bastante espaçosa, a Casa do Castanheiro daria para alojar confortavelmente um casal com dois filhos pequenos, tirando partido de um sofá-cama grande e confortável, com édredon e duas almofadas – ideias para longas sestas no sofá.
A cozinha está muito bem equipada – não usámos a maioria dos utensílios (varinha mágica?!) mas apreciámos a comodidade de uma máquina pequena de lavar loiça, e todos os utensílios equiparados (pano, esponja, detergente, cápsulas) nem sempre disponíveis (como novos!) neste tipo de alojamento.
O WC, moderno, com toalheiros aquecidos e toilettries perfumadas, convidava a duches demorados de fim de dia.
“Vista panorâmica do Parque desde a casa do Castanheiro”
De Comer e Chorar por Mais
Teremos de regressar para provar a gastronomia da região. Desta vez, a opção foi por um programa mais caseiro, com todos os almoços e jantares feitos em casa.
O pequeno-almoço era servido, sob marcação prévia, na Casa de Chá, um dos edifícios do Parque das Pedras Salgadas, recuperado para este efeito. O formato do pequeno-almoço foi diferente nos dois dias – no primeiro, à carta; no segundo, buffet “exposto”, com uma funcionária a servir a pedido. Destacamos:
O mais difícil, para quem, como nós, for apreciador de um café e um doce regional apetitoso, a meio da tarde ou da manhã, é encontrar uma pastelaria ou café local e simpático, arejado, onde apeteça estar sem pressa, a folhear uma revista ou a ler um livro. Pegámos no carro para, em último recurso, visitar o bar do Palace Hotel do Vidago mas durante pandemia está aberto apenas para hóspedes. De regresso ao sofá da Casa do Castanheiro, terminámos a tarde com um grande saco de castanhas para assar e umas gulosas American Cookies de chocolate.
Pernas para que te quero
À chegado ao Parque, tivemos alguma dificuldade em encontrar a entrada, que se faz por uma cancela, atrás da qual se vislumbram as Garagens (recuperadas inicialmente para acolherem lojas e pequeno comércio, mas hoje fechadas). Feito o Check-in, o carro fica parado junto à receção e um buggy leva-nos (e à bagagem!) até ao Bungalow. Este serviço volta a estar disponível no dia de check-out.
Até lá, o tempo é para aproveitar as caminhadas ao ar livre. O Parque que, não sendo muito grande, tem muita história e algum mistério – dá que pensar até termos oportunidade de visitar o Museu, que dá uma grande ajuda a compreender este espaço.
Arrancando a pé pela alameda que percorre o Parque entre a receção e a Fonte D. Fernando, passa-se por 3 outras fontes (Fonte Pedras Salgadas, Fonte Grande Alcalina e Fonte D. Maria Pia) mas também pelo Lago, pela Casa de Chá, pelo Spa, e pelo Museu. Com uma área total de 20 hectares, os oito quilómetros de caminhos do Parque são uma excelente forma de ter uma ideia geral da sua extensão e dos principais pontos-chave daquela que foi em tempos uma das mais afamadas estâncias termais portuguesas.
No séc. XIX, a água de Pedras Salgadas já era bastante reconhecida pelos seus benefícios para o aparelho digestivo, mas é com a formação, em 1875, de uma companhia para a sua exploração formal, que ganha novo impulso. Em 1879 abrem ao público as Termas das Pedras Salgadas, que passaram a ser local de veraneio das cortes de D. Fernando (1884) e D. Carlos (1906).
A imponência do parque e da antiga estânica termal, frequentada pelas mais diversas personalidades de cada época, é pressentida a cada passo, na grandiosidade das Fontes, na diversidade de flora, e na pequena Capela. O Casino das Termas, inaugurado em 1910 e recuperado em 2013, continua a ser palco de festas, casamentos e conferências. O minigolfe, tristemente prefeito de folhagem amarela de Outono, pareceu-nos abandonado, resquício de outros tempos.
Mas nada deixa adivinhar o papel do Parque como centro da vida social de outros tempos como o assombroso Grande Hotel. Parados em frente ao edifício em ruínas, perguntámo-nos (antes de ter encetado uma investigação minuciosa na internet), o destino de tão grandiosa e apalaçada construção. Infelizmente, os projetos de recuperação que têm estado em cima da mesa, ainda não avançaram. Para alguns, e à primeira vista, poderá parecer estranho, quase assustador, ter um hotel abandonado no meio do Parque. A nós, soube-nos a mistério, aguçando ainda mais a curiosidade, uma espécie de “caça à História do Parque”.
Perto do Grande Hotel, e atrás das Tree Houses (as casas na árvore que são a imagem de marca do Parque) um estranho monte de terra, uma espécie de montanha, chama a atenção. O local do antigo Hotel Avelames (mais um, entretanto demolido, que reforçava a importância da estância termal) serve hoje como zona de serviço, escondida por baixo do agora Monte Avelames.
Como visitámos o Pedras Salgadas Spa & Nature Park em pleno e chuvoso inverno, não mergulhámos na piscina exterior (fomos atropelados pela preguiça!) nem subimos corajosamente às árvores para uma tarde de arborismo, mas a oferta de atividades do Parque, em dias mais solarengos, é interessante.
Por outro lado, em fins-de-semana de Inverno, o museu, com duas alas – uma sobre a história do Parque e Estância Termal e outra sobre a marca Pedras Salgadas – é bastante elucidativo sobre o misterioso parque, num esforço bem conseguido de preservação da memória coletiva. Organizado num percurso histórico pelos vários anos que marcaram a história do Parque e da estância termal, o museu expõe fotografias antigas, objetos curiosos bem preservados e mobiliário dos antigos hotéis. Na ala dedicada à marca Pedras Salgadas é possível admirar cartazes publicitários antigos e fazer o rótulo personalizado da própria garrafa.
De molho
Sem horários para nada durante estes dias, acabámos por não desfrutar da variada oferta de Spa. O projeto de recuperação do antigo balneário das Termas, da autoria de Siza Vieira, seria por si só motivo de sobra para a visita, mas a preguiça dos dias no conforto do Bungalow fez-nos ir empurrando tudo para mais tarde. Ficou prometida numa próxima visita!
Informações úteis
Pedras Salgadas Spa & Nature Park
Restaurantes & Bares - Vidago Palace
Turismo de Vila Pouca de Aguiar
Cozinha Cristo Rei – Alzira Maia
Como Chegar
Francisca Peixoto
A Francisca é uma amante de viagens, que combina o seu talento natural para o planeamento com uma rigorosa atenção aos detalhes, não deixa nada ao acaso nas nossas aventuras. Seja a criar o itinerário perfeito, a descobrir lugares maravilhosos ou a procurar a melhor experiência culinária, a organização impecável de Francisca torna todas as nossas viagens inesquecíveis. Quando não está a viajar, gosta de passar tempo com a familia e amigos. É a anfitriã perfeita, adora juntar pessoas e sabe como proporcionar jantares memoráveis. É super ocupada, por isso desafio-te a tentar marcar algo na sua agenda sem pelo menos uma semana de antecedência. Acredita em mim, não vai ser uma tarefa fácil!